Mais de 100 pessoas participaram da "Tarde de Campo: Manejo de Campo Nativo" que ocorreu recentemente na Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro) Campanha, em Hulha Negra. Estudantes, técnicos e produtores debateram temas relacionados ao manejo de pastagens naturais. Depois das palestras, os visitantes foram ao centro de manejo conhecer o gado da raça Braford e à área experimental de 70 hectares, onde visualizaram a pastagem de campo nativo.
O evento marcou o encerramento do projeto "O efeito de diferentes intensidades de pastejo sobre a composição florística da pastagem natural, na produção de forragem e no desempenho animal", que iniciou em 2003, com a pesquisadora e engenheira agrônoma Zélia Castilhos, hoje aposentada. O objetivo foi gerar informação e conhecimento para o dia a dia do produtor rural.
Segundo a zootecnista da Fepagro Campanha, Glaucia do Amaral, que apresentou o "Desempenho de novilhos de corte manejados em diferentes taxas de lotação em campo nativo", no Rio Grande do Sul, o ecossistema pastoril é formado pelo Bioma Pampa, que compõe um dos seis biomas brasileiros. "Ele representa cerca de 2% do território brasileiro e abriga inúmeras espécies da fauna e da flora, compondo uma biodiversidade única", explicou.
Ela disse que a vocação natural da região é a pecuária, no entanto, quando os ajustes de lotação são realizados sem considerar o quanto de forragem é produzida, o desempenho animal poderá ser prejudicado. "Por isso, é fundamental conhecer o potencial produtivo das pastagens naturais para melhor manejar o rebanho e preservar o ecossistema do Bioma Pampa".
As conclusões do trabalho foram as seguintes: o efeito da subnutrição do rebanho resulta em abate mais tardio dos animais, tornando o sistema pouco produtivo economicamente; o manejo inadequado do campo nativo, principalmente pelo sobrepastoreio, tem causado prejuízos econômicos e ambientais. Quando não há excesso de taxas de lotação, a flora e a fauna se mantêm em relativa harmonia com os rebanhos, pois assim o pastejo mantém a vegetação campestre. Deveriam ser estabelecidas políticas específicas de apoio à pecuária sustentável e de fortalecimento da cadeia produtiva da carne de corte procedente de campo nativo.
A avaliação foi feita de 2003 a 2008 e definiu que: a pecuária baseada em campo nativo é uma atividade produtiva com custos extremamente enxutos; reconhecer os principais custos de produção auxiliam nas decisões de manejo; e o excesso de carga animal (4% OF), além de prejudicar a pastagem e o desempenho do animal, é uma alternativa cara.