As arrozeiras gaúchas serão investigadas por força-tarefa multidisciplinar coordenada pelo Ministério Público do Trabalho. O objetivo é corrigir irregularidades trabalhistas envolvendo a saúde e a segurança dos trabalhadores. As operações ainda não têm datas definidas. As ações nos engenhos de arroz deverão funcionar nos mesmos moldes da força-tarefa dos frigoríficos. O encaminhamento resulta do seminário "Saúde do trabalhador nas Arrozeiras".
Durante o seminário realizado nesta semana em Alegrete o professor, sociólogo e pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Paulo Peixoto de Albuquerque, apresentou o resultado do "Diagnóstico sobre as Condições de Trabalho nos Engenhos de Arroz do Rio Grande do Sul - DIGA". A pesquisa foi realizada nas indústrias de seis municípios - Alegrete, Bagé, Camaquã, Dom Pedrito, Pelotas e São Gabriel. O setor foi escolhido por apresentar maior número de acidentes com mortes em relação aos outros segmentos da alimentação. Além disso, os funcionários das arrozeiras são os que mais procuram os Sindicatos com doenças ocupacionais como Lesão por Esforço Repetitivo e surdez.
A pesquisa apontou que 58% dos entrevistados operam equipamento perigoso e 33% não fizeram treinamento para máquinas. 72% dos que afirmam usar equipamentos perigosos disseram que não fazem rodízio de função. A troca, quando acontece, é feita uma vez por quinzena, em média. Os resultados indicaram, ainda, os acidentes: cortes, amputações, quedas, esmagamento de membros e acidentes com máquinas. 37% dos participantes já presenciaram algum tipo de acidente do trabalho. As maiores reclamações quanto ao ambiente de trabalho foram em relação ao barulho, temperaturas altas, poeira, produtos químicos e agrotóxicos, risco de quedas ou batidas.